
Agorafobia
A agorafobia é marcada por medo ou ansiedade acentuados e desencadeados por exposição real ou prevista, relacionados a duas ou mais das cinco situações seguintes:
1) Uso de transporte público (automóveis, ônibus, trens, aviões, navios)
2) Permanecer em espaços abertos (pontes, estacionamentos, mercados)
3) Permanecer em locais fechados (lojas, teatros, cinemas)
4) Permanecer na fila ou em meio a uma multidão
5) Sair de casa sozinho
Entre os fatores de risco se destacam o neuroticismo, sensibilidade à ansiedade, eventos traumáticos na infância (morte ou separação dos pais, assaltos, agressões, lar com afeto reduzido e superproteção. Tem a maior associação genética dentre as fobias, com herdabilidade de 61%. Os agorafóbicos de sexo masculino têm mais comorbidade com uso de substâncias.
A pessoa evita essas situações ou sente medo por ter pensamentos de que pode ser difícil escapar ou não ter auxílio disponível no caso de ter sintomas de pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores (vomitar, sintomas inflamatórios intestinais, medo de cair, sensação de estar perdido ou de desorientação), sendo que estas situações causam medo ou ansiedade e são evitadas ativamente ou são suportadas à custa de medo intenso ou ansiedade, que são desproporcionais ao perigo real das situações agorafóbicas ou ao contexto. Os sintomas duram mais de seis meses e trazem prejuízo significativo.
A ansiedade pode evoluir para um ataque de pânico com sintomas completos ou com sintomas limitados.
O comportamento do indivíduo visa a evitar a situação que gera medo (esquiva ativa), como mudar as rotinas, trocar o emprego para não ter de entrar em transporte público, comprar comida pronta para não ter de entrar em lojas e supermercados, podendo chegar a tal gravidade que o indivíduo fica completamente restrito ao lar, completamente dependente de outras pessoas até para algumas necessidades básicas. Associados a isso, vêm os sintomas de menosvalia, depressão, abuso de álcool e de sedativos. O indivíduo se sente mais capaz de enfrentar a situação temida quando acompanhado por outra pessoa.
Agorafobia é persistente e crônica, com remissão completa ocorrendo em cerca de 10%, a menos que seja tratada, com risco maior de desenvolver transtorno depressivo maior, distimia e uso de substâncias
A prevalência em 12 meses é de cerca de 1,7% em adolescentes, pode ocorrer na infância e em idosos (0,4%). A maioria dos indivíduos com transtorno de pânico têm sintomas de ansiedade e/ou de agorafobia previamente. Mais de 60% começam antes dos 35 anos, com idade média de início de 17 anos, podendo haver um segundo pico de incidência após os 40 anos.
Mais de um terço dos indivíduos com agorafobia ficam restritos ao lar e incapazes de trabalhar.
Fontes:
1) Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora; 2016.
2) American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5 (R)). 5th ed. Arlington, TX: American Psychiatric Association Publishing; 2013.