
Esquizofrenia
Os sintomas característicos da esquizofrenia envolvem disfunções cognitivas, comportamentais e emocionais, mas nenhum sintoma é patognomônico do transtorno. Entre os sintomas mais comuns estão os delírios, as alucinações, a desorganização do pensamento, a desorganização do comportamento ou a catatonia. Podem haver sintomas negativos.
Os acometidos podem manifestar uma crenças incomuns ou estranhas, como pensamento mágico, ideias de referência, sentir a presença de uma pessoa invisível, o discurso pode ser vago, comportamento pode ser incomum (como andar murmurando em público).
Já os sintomas negativos podem ser graves, como retraimento social, abandono das rotinas anteriores.
Pode haver sintomas de humor e síndromes completas, como depressão, mas o que diferencia a esquizofrenia dos transtornos do humor é a presença de delírios e alucinações sem sintomas de humor. Estes episódios de sintomas de humor são limitados, de curta duração.
O afeto destes indivíduos em geral é inadequado, por exemplo, apresentar risos imotivados, sem um estímulo apropriado. O humor disfórico pode evoluir para depressão, ansiedade ou raiva. Pode haver perturbação do sono, com alteração do ciclo sono-vigília, falta de vontade de se alimentar, recusar alimentação, despersonalização, desrealização, preocupações somáticas, como acreditar que seus órgãos foram retirados ou que estão apodrecendo.
Pode haver diminuição da memória (declarativa, de trabalho), na linguagem, em outras funções executivas, redução da velocidade, redução da atenção, déficits na cognição social, dificuldade para entender as intenções dos outros. Há falta de insight, ou seja, o indivíduo não percebe seus sintomas, não sabe que está doente, vivendo quase uma realidade paralela. É semelhante à anosognosia em algumas lesões neurológicas, em que o indivíduo não percebe sua deficiência.
Este é um dos sintomas mais fidedignos de predição de recaídas e de nãoadesão ao tratamento.
A agressividade e a hostilidade podem estar presentes. São mais comuns no sexo masculino, em jovens e pessoas com histórico anterior de violência, abuso de substâncias e impulsividade.
A grande maioria não é agressiva.
Não existem exames laboratoriais, radiológicos ou testes para a esquizofrenia.
A prevalência da esquizofrenia ao longo da vida gira em torno de 0,3 a 0,7%. Em homens há prevalência maior de sintomas negativos e duração maior dos sintomas, fatores que estão associados a um pior prognóstico.
Fatores de risco ambientais
Indivíduos nascidos no fim do inverno ou início da primavera e verão têm maior risco para a forma da doença com déficits. Também é mais comum em indivíduos nascidos em ambiente urbano e em grupos minoritários.
Fatores de risco genéticos e fisiológicos
Há diversos genes alelos de risco para esquizofrenia, que são comuns e raros, mas que podem determinar a ocorrência da doença, mesmo em indivíduos sem história familiar de psicose. Esses gentes também estão associados a outros transtornos mentais, como transtorno bipolar, transtorno do espectro autista e depressão.
Hipóxia ao nascer, pais com idade avançada, adversidades no pré-natal, estresse, infecções, desnutrição, diabetes gestacional e outras condições médicas estão associadas ao surgimento da esquizofrenia.
A grande maioria dos bebês com estes fatores de risco não desenvolve a doença.
A doença costuma surgir entre o fim da adolescência e os 30 anos de idade. O pico de início dos sintomas para homens é entre 20 e 25 anos e para mulheres ao fim dos 20 anos.
Pode começar de forma súbita ou insidiosamente, mas o mais comum é que os sintomas se apresentem paulatinamente, com a gravidade dos sintomas progredindo ao longo do tempo. Metade dos indivíduos tem queixas de sintomas depressivos.
Quanto mais cedo ela começa, em geral pior é o prognóstico.
Os homens têm uma pior adaptação, baixo rendimento escolar, sintomas negativos e prejuízos cognitivos maiores, tendo assim, pior prognóstico.
Estes sintomas podem persistir depois de a psicose remitir, contribuindo assim para o prejuízo funcional destes indivíduos.
Em até 20% dos indivíduos pode haver remissão completa, mas a maioria necessitará de tratamento por toda a vida, podendo haver períodos de melhora e de piora dos sintomas.
Como a função dopaminérgica diminui ao longo do tempo, os sintomas psicóticos tendem a diminuir com o envelhecimento, restando os prejuízos cognitivos e funcionais.
Fontes:
1) Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora; 2016.
2) American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5 (R)). 5th ed. Arlington, TX: American Psychiatric Association Publishing; 2013.