O Mutismo Seletivo é marcado por intensa ansiedade social (antes chamada de Fobia Social) e se caracteriza pelo fato de as crianças não iniciarem a fala ou responderem reciprocamente quando as pessoas falam com elas durante as interações sociais. O fracasso da fala se estende aos adultos que com ela tentam se comunicar.

A prevalência está em torno de 0,03 a 1%, sem variações aparentes entre sexo e etnia, sendo mais frequente em crianças do que em adolescentes e adultos. O início é antes dos 5 anos de idade, mas pode passar despercebido até estar na escola, onde a demanda por interações sociais aumenta. Em casos em que há ansiedade social, o mutismo seletivo tende a melhorar, porém a ansiedade social persiste.

Frequentemente, elas falam com membros da família mais próximos, familiares de primeiro grau, mas fracassam em falar com outros, como avós e primos.

Entre as características estão a timidez excessiva, medo de constrangimento, retraimento social, traços compulsivos, apego, negativismo, ataques de birra e até comportamento opositor.

Por se recusarem a falar na escola, elas também acumulam grandes prejuízos acadêmicos e educacionais, pois interfere na avaliação das habilidades de leitura. Elas usam meios não verbais de comunicação para se comunicar como grunhido, apontar ou escrever, por exemplo. Em geral, anseiam por participar em encontros onde a fala não é exigida, como personagens de peças teatrais que não há papéis verbais.

Além da ansiedade, pode estar presente algum transtorno da fala, embora as habilidades verbais estejam preservadas.

Dentre os fatores de risco não estão bem estabelecidos, mas o elevado grau de neuroticismo, inibição comportamental, história parental de timidez, isolamento e ansiedade social podem desempenhar algum papel, além de fatores genéticos compartilhados. A timidez dos pais pode servir de modelo para estas crianças, bem como os pais de crianças com mutismo seletivo são descritos como superprotetores sou mais controladores do que os pais de crianças com outros transtornos de ansiedade ou nenhum transtorno.

Dentre os prejuízos trazidos pelo mutismo seletivo se destacam a dificuldade em se engajar em interações sociais, isolamento social cada vez maior, prejuízo nas avaliações escolares pela falta de comunicação com os professores (podem não entender uma tarefa e não se comunicam com os professores, não pedem para ir ao banheiro), sofrer importunação por parte dos colegas.

Fontes:

1) Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora; 2016.

2) American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5 (R)). 5th ed. Arlington, TX: American Psychiatric Association Publishing; 2013.