
Transtorno de Pânico
O ataque de pânico é caracterizado por medo ou desconforto intenso, que alcança um pico em poucos minutos. Durante o ataque de pânico, 4 ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes: palpitações, taquicardia, tremores, sensação de falta de ar ou de sufocamento, sensação de asfixia, dor ou desconforto torácico, náuseas ou desconforto abdominal, sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio, calafrios ou ondas de calor, sensação de anestesia ou de formigamento, desrealização, despersonalização, medo de perder o controle ou de enlouquecer, medo de morrer. Também podem haver sintomas relacionados à cultura, como tinido, dor na nuca, cefaleia, gritos, choro incontrolável (estes não estão entre os 4).
O Transtorno de Pânico é caracterizado por ataques de pânico inesperados e recorrentes, por 1 mês ou mais, acompanhados de preocupação persistente sobre ter novos ataques de pânico, mudança de comportamento associada aos ataques de pânico e suas consequências, como evitar sair de casa ou evitar atividades físicas).
Nem todos os pacientes têm ataques de pânico completos (com 4 ou mais sintomas), alguns têm ataques de pânico incompletos (menos de 4 sintomas) e o número de sintomas e a frequência dos ataques de pânico podem variar no mesmo paciente. Porém, para o diagnóstico do Transtorno de Pânico é necessário que ocorra mais de um ataque de pânico completo e inesperado.
É comum ter preocupações acerca de os ataques de pânico serem resultado de alguma doença clínica e ameaçadora, como doença cardíaca ou convulsões, constrangimento ou medo de ser julgado negativamente, medo de enlouquecer e de perder o controle, além dos comportamentos de esquiva (evitar esforço físico, mudanças de vida com objetivo de garantir que tenha ajuda em situações agorafóbicas, como sair de casa ou pegar transporte público). Pode ainda, haver associação com agorafobia.
Há tendência a catastrofização, de modo que os pacientes interpretam como ameaçadores alguns sintomas e efeitos de medicamentos, por exemplo, achar que uma dor de cabeça pode ser por um tumor cerebral), pode haver uso de drogas.
A prevalência estimada é de 2-3%, sendo as mulheres mais afetadas do que os homens, numa proporção de 2:1, se iniciam em torno de 20-24 anos de idade, podendo ocorrer também na infância e acima dos 45 anos. Poucos indivíduos têm remissão completa, pois o curso do Transtorno de Pânico tende a ser crônico, e pode haver outros transtornos de ansiedade comórbidos, bem como transtornos depressivos, transtorno bipolar e por uso de substâncias.
Dentre os fatores de risco estão: neuroticismo, sensibilidade à ansiedade, história de “períodos de medo”, abuso físico, abuso sexual, tabagismo, estressores (interpessoais, uso de drogas, doença ou morte na família), doenças respiratórias (asma), pais com transtorno de ansiedade, depressivo e bipolar.
Alguns agentes como cafeína, lactato e dióxido de carbono podem desencadear ataques de pânico em indivíduos com o transtorno.
Mesmo quando se leva em conta o histórico de abuso infantil e as comorbidades, os indivíduos com ataques de pânico e transtorno de pânico apresentam taxas mais elevadas de ideação e de tentativas de suicídio.
Há um maior nível de incapacidade física, social e profissional, custo econômico e número de consultas médicas, relacionado ao transtorno de pânico. Devido ao maior número de ausências para consultas ou atendimentos de emergência, pode haver evasão escolar ou perda do emprego, o que piora sobremaneira a qualidade de vida.
Habitualmente, o transtorno de pânico começa no fim da adolescência ou no início da vida adulta, mas pode ocorrer na infância, adolescência e na meia-idade. Embora alguns estudos sugiram que possa haver associação com estressores psicossociais, não há uma associação clara na maioria dos casos.
O curso do Transtorno de Pânico é crônico, mas pode variar entre pacientes e até no mesmo paciente. Cerca de 10-20% dos pacientes persistem sintomáticos, 30-40% ficam livres de sintomas no longo prazo e 50% têm sintomas leves que não afetam sua vida significativamente.
Alguns pacientes preferem não falar de seus sintomas, mas acabam preocupando os familiares por suas mudanças de comportamento. Muitos têm um ou dois ataques de pânico e ficam despreocupados com relação a isso e outros podem ter ataques de pânico frequentes, fazendo com que os sintomas se tornem sua principal preocupação.
Os tratamentos mais eficazes são a medicação e a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Terapia de grupo e familiar são úteis para ajudar os indivíduos e famílias a se ajustarem às dificuldades que o transtorno lhes impõe.
Fontes:
1) Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora; 2016.
2) American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5 (R)). 5th ed. Arlington, TX: American Psychiatric Association Publishing; 2013.