Transtorno Bipolar Tipo II

Caracteriza-se por episódios de humor recorrentes, consistindo em um ou mais episódios depressivos (dura pelo menos 2 semanas) maiores e pelo menos um episódio hipomaníaco (dura no mínimo 4 dias).

Os sintomas já estão descritos acima (vide Transtorno Bipolar Tipo I).

Os pacientes não costumam se queixas dos episódios hipomaníacas, pois não causam prejuízo per se. Os episódios depressivos e as oscilações são mais danosos ao indivíduo. As pessoas em volta percebem as mudanças, se incomodam com o comportamento, mas o bipolar tipo II não sente que haja alteração quando está em hipomania, geralmente se sentem muito bem.

Ao contrário do que se diz, o Transtorno Bipolar Tipo II não é uma forma mais branda do Transtorno Bipolar Tipo I. Os Bipolares Tipo II têm maior cronicidade e passam mais tempo deprimidos (e a depressão gera mais incapacidade).

A impulsividade leva a maior consumo de substâncias e mais tentativas de suicídio, que pode ser também decorrente de transtornos de personalidade comórbidos, uso de substâncias, ansiedade, outros transtornos mentais ou outra condição médica.

A prevalência gira em torno de 0,8% em 12 meses. A idade média de início é de 25 anos (mais tarde que o bipolar tipo I e mais cedo que o transtorno depressivo maior).

O número de episódios depressivos e hipomaníacos é maior no tipo II ao longo da vida do que no tipo I. Os parentes de pacientes com transtorno bipolar tipo II têm maior risco de desenvolverem o transtorno, há associação genética.

Ciclagem rápida é fator de pior prognóstico. O parto pode ser um desencadeante de hipomania, em 10-20% das mulheres. Cerca de 1/3 dos pacientes pode ter tentativa de suicídio ao longo da vida. O risco é 6,5 vezes maior em tipo II do que no tipo I.

Os prejuízos cognitivos no transtorno bipolar tipo II podem contribuir para dificuldades no trabalho. Desemprego está associado a mais episódios de depressão, idade mais avançada, taxas maiores de transtorno de pânico atual e história de transtorno por uso de álcool ao longo da vida.

Fontes:

1) Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora; 2016.

2) American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5 (R)). 5th ed. Arlington, TX: American Psychiatric Association Publishing; 2013.