
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)
Em sua essência, o Transtorno de Ansiedade Social (Fobia social) é a sensação de medo ou ansiedade intensos e desproporcional ao estímulo em situações sociais onde o indivíduo pode ser avaliado por outros. Este medo é o de ser avaliado negativamente, com preocupações de ser julgado como ansioso, débil, maluco, estúpido, enfadonho, chato, desagradável, sujo ou amedrontado, bem como medo de deixar transparecer ansiedade (rubor facial, tremor, transpiração, gaguejar), de ofender os outros.
Entre os comportamentos de esquiva podemos citar evitar tomar água, comer, escrever, aperta as mãos, urinar quando outras pessoas estão no mesmo banheiro (parurese ou bexiga tímida), falar sobre assuntos íntimos, evitar luzes. Pode haver ansiedade antecipatória ou comportamentos de esquiva, como preocupação diária com um discurso, ficar ensaiando o discurso por diversas vezes, choro, ataques de raiva, imobilização, evitar ir a festas, recusar ir para a escola, evitar contato visual.
Dura pelo menos 6 meses, com medo de julgamento superior ao risco real de ser avaliado negativamente ou às consequências dessa avaliação, sendo que os indivíduos superestimam as consequências sociais da avaliação. Entretanto, os sintomas causam prejuízo educacional, acadêmico e profissional aos indivíduos.
Essas pessoas tendem a ser menos assertivos, socialmente submissos ou até controladores numa conversa, demonstrar postura rígida numa conversa, fazer pouco contato visual, falar de forma excessivamente mansa, ser tímidos e retraídos, buscar funções no trabalho que não dependem de interações sociais, sair da casa dos pais mais tarde que o habitual, ser menos abertos em conversas, podendo ainda haver atraso no casamento e na paternidade, viver a vida toda como dona de casa por medo de trabalhar fora, se automedicar ou beber álcool antes de se expor socialmente.
O Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) tem uma prevalência em 1 ano em torno de 7% nos Estados Unidos. As taxas variam de acordo com os países, mas costumam diminuir com a idade, variando de 2% a 5% em adultos, sendo mais prevalente no sexo feminino. Nos Estados Unidos ela é mais alta nos índios americanos e mais baixa em asiáticos, latinos, afro-americanos e afro-caribenhos, quando comparada com brancos não-hispânicos.
A idade média de início é por volta de 13 anos de idade, mas em geral começa entre os 8 e os 15 anos de idade, podendo ocorrer mais cedo na infância.
Ele pode surgir de história pessoa de timidez ou de inibição social, de bullying ou de um evento estressante (como vomitar numa palestra, por exemplo). Raramente começa na vida adulta, mas pode ocorrer de forma lenta após evento estressor ou associado a mudança de papéis sociais (como mudança de posição no trabalho ou de posição social). Pode haver melhora após o casamento e pode piorar com divórcio. Tende a ter curso clínico persistente.
Apesar dos sintomas, apenas metade dos pacientes adultos busca tratamento e, quando o fazem, geralmente há cerca de 15-20 anos de doença sem tratamento.
Cerca de 30% dos casos apresentam remissão espontânea na comunidade em 1 ano, 50% em poucos anos e 60% dos indivíduos sem tratamento específico terão um curso de doença de vários anos.
Nos adultos, o diagnóstico pode ser difícil, pois pode haver doenças comórbidas, mudanças ambientais e no papel social, bem como insight pobre sobre os prejuízos sociais do transtorno.
Dentre os fatores de risco estão o medo de avaliação negativa, a inibição comportamental, histórico de maus-tratos e adversidades na infância, modelo mais ansioso por parte dos pais, inibição comportamental, maior grau de neuroticismo.
No sexo feminino há relato de mais medos e comorbidade com transtornos depressivos, bipolar e de ansiedade. Entre os homens, o medo de encontros é mais comum, sendo os transtornos comórbidos mais comuns o transtorno de oposição desafiante, transtornos de conduta e uso de drogas para aliviar os sintomas de ansiedade social. A parurese é mais comum nos homens (também chamada de bexiga tímida).
Quais são os prejuízos mais comuns? Maior taxa de evasão escolar, prejuízos no bem-estar no trabalho, status e qualidade de vida, estado civil (maior risco de ficar solteiro, não-casado ou divorciado), redução das atividades de lazer.
Fontes:
1) Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora; 2016.
2) American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5 (R)). 5th ed. Arlington, TX: American Psychiatric Association Publishing; 2013.