Transtorno de Ansiedade de Separação

É o medo ou a ansiedade envolvendo a separação de casa ou de figuras de apego. É uma ansiedade excessiva ao esperado para o estágio de desenvolvimento do indivíduo.

Eles sentem um sofrimento excessivo quando há possibilidade de afastamento do lar ou de figuras de apego, se preocupam com o bem-estar ou a morte destas figuras, precisando estar em contato ou saber onde estão, preocupam-se excessivamente em ser sequestrados, sofrer acidentes que os impediriam de estar juntos destas figuras de apego, relutam em sair sozinhos, têm medo de ficar sozinhos até em casa em ambientes diferentes, podendo agarrar-se, sendo a sombra dos pais pela casa ou precisando que estejam com eles quando vão para outro ambiente da casa.

Recusam-se a dormir sozinhos ou fora de casa, insistem para que alguém fique com elas até adormecerem, podem ir para cama dos pais à noite (ou para a cama de outra pessoa significativa, como irmão). Podem relutar a dormir e viajar sozinhos quando adultos. Frequentemente tem pesadelos com temática de destruição da família por fogo, assassinato ou outra catástrofe.

Podem apresentar sintomas físicos, como náuseas, vômitos, cefaleias, dores abdominais, quando ocorre a separação ou na iminência dela, além de palpitação, tonturas, sensação de desmaio (mais comuns em adolescentes e adultos).

Dura pelo menos 4 semanas em crianças e adolescentes e 6 meses ou mais em adultos, causando prejuízo social, acadêmico, profissional e em outras áreas da vida.

As crianças exibem retraimento social, apatia, tristeza, dificuldade de concentração, medo de animais, monstros, escuro, assaltantes, sequestradoras, acidentes de carro, viagens de avião e outras situações que podem ser percebidas como perigosas para a família ou para elas próprias. Sofrem ao ficar longe de casa, levando à recusa em ir para a escola, podendo demonstrar raiva, agressividade contra quem está forçando a separação.

Frequentemente são descritas como crianças exigentes, intrusivas, que necessitam de atenção constante, se tornando adultos dependentes e superprotetoras. Os familiares podem ter conflitos com eles por os perceberem como demandantes e fontes de frustração.

A prevalência gira em torno de 0,9-1,2% em 12 meses em crianças. Em adolescentes chega a 1,6% em 12 meses. É igualmente comum em ambos os sexos, mas na comunidade é mais frequente no sexo feminino.

Começa em geral na infância, é mais raro começar na adolescência, podendo persistir em adultos. Os adultos não lembram geralmente do início na infância, mas são adultos excessivamente preocupados com os filhos e cônjuges e se sentem desconfortáveis ao se separar deles, tendo necessidade de checar seu paradeiro frequentemente.

Fatores de risco: estresse vital (como perda de familiar ou animal de estimação), desastre com separação das figuras de apego, divórcio dos pais, mudança de bairro, imigração, sair da casa dos pais, tornar-se pai/mãe. Pode ser herdado, com uma herança de 73%, com taxas mais altas entre as meninas.

O comportamento de esquiva ou relutância em ir para a escola é mais comum nas meninas. Os meninos manifestam indiretamente o medo de separação, por exemplo com relutância em sair de casa sozinho, atividade independente limitada, sofrimento quanto o cônjuge ou filho faz coisas de forma independente ou quando não pode ter contato com eles.

O aumento no risco de suicídio não é específico do transtorno de ansiedade de separação, ocorrendo em diversos transtornos de ansiedade, principalmente quando associada a transtornos do humor, uso de substâncias e outros transtornos mentais.

Dependendo da gravidade, é altamente limitante para os acometidos, que evitam trabalho longe de casa, têm dificuldade para dormir sozinhos, não ir para a faculdade, não sair da casa dos pais, não viajar, não trabalhar fora.

Fontes:

1) Sadock BJ, Sadock VA, Ruiz P. Compêndio de Psiquiatria - 11ed: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora; 2016.

2) American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5 (R)). 5th ed. Arlington, TX: American Psychiatric Association Publishing; 2013.